sábado, 1 de julho de 2006

Não vote!

Uma pesquisa* e uma pergunta inusitada desnudaram a política. A pergunta "Você votaria se o voto não fosse obrigatório?" dividiu os eleitores do país: 49% responderam não e 48% disseram sim. Ou seja, de um total de 126 milhões de eleitores (as), mais de 61 milhões, quase a metade, não compareceriam às urnas.

A pesquisa, infelizmente, não trouxe as causas de tamanha desmotivação. Mas os números não deixam dúvidas. Expressam um desapontamento generalizado com a política. Indicam que o mapa da mina trilhado pelos políticos minou a confianças dos (as) brasileiros (as).

Provocaram uma pergunta inesperada, cuja resposta abala a mesmice reinante: será que a política está no fim? Para tentar evitar a propagação desta pergunta e conter sua resposta, o povo está sendo submetido a uma pesada e sofisticada campanha publicitária. O objetivo é interiorizar na nossa mente que só existe uma única e exclusiva maneira de enfrentar a crise oriunda dos limites do sistema produtor de mercadorias: é participar da política e continuar votando.

Por causa disso, não importa se você vota em candidatos (as) para todos ou parte dos vários cargos ofertados. Se você vota neste ou naquele partido, se vota em branco ou nulo. O fundamental é votar, é participar. Com isso, procura-se evitar a formulação de uma alternativa que supere o capitalismo e o socialismo.
No entanto, a insistente chamada para esta participação e a censura à pergunta e resposta sobre a falta de perspectiva da política trazem consigo uma outra questão. Uma fraude gravíssima. Um abuso desmedido e enfiado goela abaixo do (a) eleitor (a). Uma imposição que desfaz da nossa inteligência, zomba da revolta ainda contida, especula de forma monótona sobre a monotonia da nossa vida. Mas, do que se trata? Tenta-se criar uma situação para eleger, pelo próprio povo e "democraticamente" quem a mídia e os partidos bem entenderem.

Portanto, chegou a hora de não votar. Afinal, o processo está viciado. A mídia faz do expectador o que bem quer. Corrupto virou ético. Anormal virou normal. Fazer política "é botar a mão na merda". Partido e voto viraram mercadorias. O emprego desaparece. A exclusão cresce. Discriminação, terror, violência, guerra e narcotráfico se espalham. A barbárie toma conta do planeta. O serviço público virou calamidade. A natureza está sendo destruída. O estado democrático virou um mero administrador da crise. A política está impotente diante disto. Está no fim. Então, para que votar? Será que não está na hora de nos rebelarmos?

Não estamos surpresos (as) com o fim da política. Muito pelo contrário, fomos capazes de dimensioná-lo e alertamos que os impasses da política não seriam passageiros, pois o fundamento da produção capitalista (o valor) tinha esbarrado nos seus limites. Como a política é subordinada à economia, com a sua crise vem a crise da política.
Agora, alertamos novamente. Vamos dar adeus às ilusões! Essa crise não vai ser revertida pela política. Nem através dela se realizará qualquer transformação social. A política nos mantém como expectadores diante da destruição da humanidade e do planeta.

Vamos dar asas à nossa inteligência, á nossa imaginação e transcender o sistema atual. Vamos construir um novo movimento social para superar a crise e construir uma nova relação social. Um movimento que contenha não só uma crítica teórica radical, mas também uma atividade prática radical. Vamos romper com a sujeição à política, aos políticos (as) e seus partidos. Vamos criar as condições para decidirmos a nossa própria vida. Vamos superar todas as categorias fundantes do sistema produtor de mercadorias!

É chegado o momento de realizarmos, com nossas mãos, corações e mentes, a ruptura com a política e sua sociedade do espetáculo e construirmos a sociedade da emancipação humana.

*A pesquisa é do Datafolha (Folha de São Paulo, 27/ago/06, págs. A4 e A5)

Grupo Crítica Radical

sexta-feira, 30 de junho de 2006

Não vote mesmo!

O mapa da mina trilhado pelos políticos, a exibição eleitoral que oscila do ridículo ao deprimente e a impotência dos governantes perante a crise que se alastra minam a confiança dos brasileiros (as). Os donos da mídia e demais defensores do capitalismo pressentiam o perigo e tomaram medidas para sufocá-lo. Rapidamente encabeçaram uma campanha publicitária massiva. Não só para nos obrigar a votar, mas desejam levar-nos a pensar que as soluções só começam por meio do voto, por meio da política, sem mudar o sistema.

A campanha publicitária, em reforço à campanha eleitoral, ganha, portanto, uma dimensão decisiva. Por isso, uma mentira deslavada é enfiada goela abaixo da população. Trata-se de uma imposição que desfaz da nossa inteligência, zomba da nossa revolta ainda contida, especula sobre a monotonia de nossa vida que eles forjaram e embeleza a farsa para que o povo eleja “democraticamente” quem a mídia e os partidos bem entenderem.

Mas, se a campanha falhar, já se desconfia do uso de um expediente golpista: a mudança da programação que alimentam as urnas eletrônicas. Uma fraude sem tamanho, mas possível. O terrorismo publicitário da política eleitoral não é sinal de força. Falta-lhe argumentação inovadora. Reveste-se de uma mesmice entediante. Não tem fundamentos sólidos nem capta a natureza da crise atual. Seus conteúdos e formas já nascem ultrapassados, como os candidatos (as).

A interiorização das categorias fundantes do capitalismo – valor, dissociação, mercadoria, trabalho, dinheiro, mercado, Estado, política, etc. – nas pessoas, como naturais e eternas, agora se choca com os limites do sistema produtor de mercadorias. Hoje, uma parcela considerável dos seres humanos começa a perceber que está sendo excluída definitivamente desse sistema. Por causa disso, o terrorismo publicitário eleitoral impõe, mas não convence.

Portanto, chegou a hora de um pensamento inovador. Vamos dar asas à nossa inteligência, à nossa imaginação e transcender o sistema, tanto capitalista como socialista! Vamos inaugurar uma nova vida, uma nova sociedade, uma nova relação social!

Por isso, apaixone-se! Junte-se a nós para FORA POLÍTICA, para GREVE DO VOTO! NÃO VOTE! A vitória dessa proposta nessas eleições – uma enorme conquista histórica na nossa cidade, estado e país – depende única e exclusivamente de você. Participe da campanha para o início da nossa libertação. Não se submeta mais às exigências do Estado e do seu sistema. Organize a rede contra a política, seus partidos, candidatos (as) e a eleição da corrupção.

Não vote! Não busque amparo em conceitos conservadores. Vamos dar adeus às ilusões! Vamos construir um novo movimento social que contenha não só a crítica teórica radical, mas também uma atividade prática radical! Declare o seu amor à humanidade e participe do ato e da festa do despertar da emancipação!


Grupo Crítica Radical