quarta-feira, 28 de março de 2007

PENSAR O IMPENSÁVEL! FAZER O IMPOSSÍVEL!

"Pôr em curso abstrações no plano da realidade significa destruir a realidade"
(Hegel, História da Filosofia)

Um fetichismo domina o mundo - o fetichismo da mercadoria.
Sua manutenção ameaça a vida humana e do planeta. Sua superação possibilita a emancipação de toda a humanidade.

Tal fetichismo, que é uma inversão da realidade, constitui a base da sociedade atual. Uma sociedade que, em conseqüência disso, não tem consciência de si mesma. Uma sociedade que não organiza diretamente sua própria forma de socialização e dissocia homens e mulheres. Uma sociedade que se submete ao domínio de uma abstração real, o valor, que representa o trabalho e se expressa no dinheiro. Uma abstração que tem poder sobre todos os membros dessa sociedade. Uma sociedade que coloca as relações entre as pessoas como relações entre as coisas e das coisas. Uma sociedade em que o fetichismo da mercadoria se opõe ao ser humano, à sua própria sociabilidade. E o que é mais grave, é considerado como axioma implícito, pano de fundo tácito que é proibido questionar, uma obviedade axiomática.

Hoje, em todas as bases da sociedade produtora de mercadorias, esse fetichismo fez morada. Impregnou todos os seus aspectos. Vive da inconsciência humana. Reina através da servidão voluntária. Leva o ser humano a viver uma vida monstruosa e praticar o assassinato da humanidade e do planeta. Tenta prolongar a vida capitalista. Sustenta todos os demais fetiches. Oculta segredos da sua superação. Impede a emancipação humana.

Será possível superar o fetichismo?

Desfetichizar é pensar o impensável, é desnudar a lógica fetichista, é fazer a realidade se aproximar do pensamento, é desontologizar o capitalismo, é desenvolver uma teoria capaz de dimensionar:
1º) que a realidade surge no fetichismo e o fetichismo é real;
2º) que o valor é a dissociação e a dissociação é o valor;
3º) que a crise atual do capitalismo não é só crise do limite do valor, mas também crise do limite da relação entre os sexos e crise do limite da relação entre o ser humano e a natureza;
4º) que a revolução contra a constituição do fetiche e seu sistema é a mesma da superação do sujeito;
5º) que a história só pode ser compreendida como história das relações fetichistas.

Compreender o fetichismo é captar, em primeiro lugar, a lógica destrutiva e autodestrutiva dessa sociedade e, em seguida, a sua história. Do ponto de vista lógico, por exemplo, é o valor que conduz à criação das classes. E foi a luta de classes que produziu a modernização do capitalismo.

Antes, a fetichização do mundo do valor-dissociação possibilitou o desenvolvimento do capitalismo. A partir daí, com a valorização do valor, este sistema desconheceu obstáculos. Hoje, com a microeletrônica, atingiu seu limite e o resultado é o impasse atual. O capitalismo perdeu sua dinâmica. A época do não sabe mas faz passou. O mundo do macho acabou.

Com isso, o fetichismo da mercadoria através de sua inversão entre o concreto e o abstrato, entre o ser humano e os seus meios e entre o sujeito e o objeto provoca rachaduras na aparência e começa a expor a sua essência, a sua irracionalidade. O resultado é o colapso da civilização.

Agora, a concepção do mundo com base nas formas fetichistas sofre profundos abalos. Inusitadamente os relâmpagos advindos dos mercados financeiros mundiais indicam, pela primeira vez na história, sinais de que o fetichismo pode ser superado. E, como o fetichismo da mercadoria é o fetichismo por excelência, sua superação possibilitará também a superação de todos os demais fetichismos. Por causa disso, nunca houve um período da história em que a vontade consciente da pessoa humana tenha tido tamanha importância.

Será possível superar o fetichismo?

Desfetichizar é fazer o impossível, é construir a transnacional pela emancipação, é superar o fetichismo, o patriarcado, o racismo e o capitalismo com as suas categorias fundantes- mercadoria, valor, dissociação, trabalho, dinheiro, mercado, economia, política, Estado, direito... Desfetichizar é realizar a revolução da emancipação humana com o objetivo de construir uma sociedade humanamente diversa e desfetichizada, socialmente igual e criativa, ecologicamente exuberante e bela, prazerosa no ócio produtivo e completamente livre.

Eis o início instigante do processo emancipatório! O momento de pegar a chave, abrir a porta e entrar no quarto proibido onde estão guardados os segredos de toda a humanidade! A época para o vôo mais alto da inteligência humana! O período da mais bela luta de todos os tempos!

É para pensar o impensável e fazer o impossível que este convite nos desafia!

Antifetichistas de todo o mundo, uní-vos!


9 comentários:

Anônimo disse...

P/ A SUPERAÇÃO DO SUJEITO-VALOR-FETICHE !!!
** A CADA DIA TENTAMOS DESPERTAR PARA UM NOVO MUNDO, PARA UMA NOVA FORMA DE CONVIVÊNCIA HUMANA. PORÉM, SOMOS OBRIGADOS A ACEITAR E ATURAR A "REALIDADE" EXISTENTE; MESMO TENDO CONSCIÊNCIA DAS ATROCIDADES E MALEFÍCIOS QUE ESSA FORMA SOCIAL NOS CAUSA, NOS SENTIMOS QUASE IMPOTENTES DIANTE DISSO TUDO (SABENDO Q TB SOMOS, INFELIZMENTE, UMA MINORIA QUE ALÉM DE TER UMA CONSCIÊNCIA CRÍTICA, NÃO QEREMOS MAIS VIVER ESSA FALSA REALIDADE) É UMA PRESSÃO CONSTANTE A CADA DIA Q TEMOS DE AGUENTAR, UMA PRESSÃO Q NOS CAUSA UMA IMPACIÊNCIA E INCERTEZAS DE UM FUTURO MELHOR E MAIS HUMANO; DE INCERTEZAS QUANTO AOS RECURSOS NATURAIS, À SITUAÇÃO CLIMÁTICA GLOBAL, ÀS NOVAS DOENÇAS E/OU EPIDEMIAS, À VIDA HUMANA NA TERRA! POR ISSO, NÃO HÁ COMO NAUM SER PESSIMISTA. PODEMOS SER UMA MINORIA REALMENTE PENSANTE NO Q CONCERNE À CRÍTICA DE TUDO Q ESTÁ AÍ E DA CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA FORMA DE SOCIABILIDADE, MAS O IMPASSE, O DILEMA Q NOS ATINGE (A TODOS ) É GRITANTE! ACHO Q ESSA MESMA REALIDADE FALSA IRÁ SE ESGOTAR (E JÁ ESTÁ) E ELA MESMA NOS MOSTRARÁ A "SAÍDA", SÓ ESPERO Q SEJA O MAIS BREVE POSSÍVEL. ESTEJAMOS PREPARADOS !!!

JP [www.criticadovalor.blogspot.com]

Unknown disse...

o grupo critical, veio em boa hora, em que
o dominio do capitalismo, nos torna escravo de um mundo mecânico, é comandado
por um ou varios grupos que usufruem das nossas fraquezas e empôe o sacrificio humano para satisfazer o mundo do consumo
e a destruição total do meio ambiente.


olha, parabéns para todos, que aumejam por
uma sociedade, menos desigual.
vale a pena, a radicalização !

Anônimo disse...

camaradas:

¿tienen algúna dirección de contacto?

saludos

J.

Anônimo disse...

Acontecerá um segundo encontro?!

e-mail: leninuli@hotmail.com

Jonathan Ribeiro disse...

Caros amigos críticos, creio que críticos superficiais(já que a mercadoria é a superfície do sistema capitalista), retornar o socialismo a um humanismo vago não é nada radical, é algo bem superficial que a burguesia sempre veio fazendo, com uma vantagem, o humanismo burguês tem por dentro os concretos interesses burgueses, já o vosso bem intencionado humanismo não tem nada concreto.

A fetichização da mercadoria nem sequer tem relevância hoje, pois o fetiche principal é o mercado, considerado por todos discursos analíticos burgueses quase como um ser vivo com reações psicológicas, vontades, leis naturais e auto-movimento.

Não há nada mais reacionário do que admitir a URSS como socialista, algo que foi estabelecido por Stalin(na tese de que existiria um "socialismo de um país só"), o maior criminoso do movimento proletário. Lembrando que para Lenin e Trotsky(que também não eram flor-que-se-cheire) analisavam que a Rússia passava por uma fase de transição(no seu distorcido conceito de ditadura do proletarido).

O que caiu não foi o socialismo, nem o marxismo, mas um regime de partido único e uma política forte de estatização econômica.

Francamente, socialismo com mercado, moeda, capital, assalariamento? Se isso é socialismo, ele não é no sentido do socialismo científico já que permanece nas mesmas relações de produção (capital-trabalho).

Jonathan Ribeiro disse...

Enquanto houver classes haverá política, porque a política é o processo ou palco da luta de classes.

O que vocês chamam de fetichização é na verdade reificação(que poderia ser entendido como desumanização), deveriam ao menos usar corretamente o categorial socialista-científico.

A fetichização é apenas o não reconhecimento social da economia(ou mercadoria), mas como uma força estranha que foge ao controle com movimentos próprios. E ela foge ao controle apenas e somente em razão da raiz alienada do trabalho assalariado. Essa raiz que é uma relação de produção está historicamente condicionada pelo estágio econômico(forças de produção), é somente quando essas forças de produção alcançarem em seu desenvolvimento um ponto de ruptura com as relações de produção vigente, é somente aí, segundo Marx, que conheceremos o socialismo.

Só que uma nova problemática se instalou, a questão ecológica que tende a frear o movimento de desenvolvimento produtivo em razão das escassez de recursos não-renováveis que já está se realizando.

Essa sim é uma legítima atualização da problemática marxista.

farad disse...

gostaria a critica desse uma olhada nesse texto.
http://rosevard.multiply.com/journal/item/299/299

Daniel Alabarce disse...

JSR disse tudo!

O Fetichismo da mercadoria ocorre a nível de superfície, exatamente por que é o momento em que o valor já foi materializado na mercadoria, que agora escamoteia o real problema que está na forma de produção vigente, ou seja, no âmbito em que se acumula força de trabalho.

O verdadeiro centro de toda a desumanidade e irracionalidade do sistema capitalista está no Trabalho, a mercadoria e o dinheiro são apenas reflexo e consequência!

Daniel Alabarce disse...

muito bom o blog!